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Tibau de ontem e de hoje – Final

Tibau, como a maioria  das praias ditas de veraneio, sofre com o problema da superlotação nos primeiros meses de cada ano. O município, que tem uma população fixa de aproximadamente 4.173 habitantes, segundo estimativa do IBGE para 2021, chega a receber nesse período mais do dobro da sua população. E o resultado não podia ser outro: colapso total.  Não é exagero que se diga que em dezembro, Mossoró se muda para Tibau. E lá permanecem até fevereiro, quando recomeçam as aulas da criançada.

O município de Tibau foi criado através da Lei nº 6.840, de 21 de dezembro de 1995, tendo sido desmembrado do município de Grossos, do qual era distrito. Limita-se ao Norte com o Oceano Atlântico e com o Estado do Ceará; Ao Sul, com o município de Mossoró; Ao Leste com o Oceano Atlântico e Grossos e a Oeste com o Mossoró e o Estado do Ceará. Ainda mais, sua superfície tem uma área de 169.365 Km2, o que equivale a 0,32% da superfície do Estado do Rio Grande do Norte, e sua temperatura média fica em torno de 27oC. Além disso, a sua densidade demográfica fica em torno de 21,79 hab./Km2.

O Escritor Milton Guedes, ex-Secretário de Turismo de Icapuí/CE e Tibau, atual Coordenador Cultural de Tibau, traça alguns paralelos entre a Tibau de Antes e a Tibau de Hoje: “Se traçarmos um paralelo entre o Tibau de ontem e o Tibau de hoje, rapidamente chegaremos à conclusão de que, apesar das dificuldades existentes antes da conquista da emancipação política, alguns detalhes pitorescos do Tibau de Ontem que ficaram nas lembranças e no imaginário dos nativos e veranistas que por aqui passaram antes do desmembramento.

Vamos começar pela forma de se chegar em Tibau vindo em transportes coletivos a partir de Mossoró. Viajava-se em ônibus sem nenhum conforto e superlotados. Ainda mais, no corredor, passageiros se misturavam com imensos pacotes de feiras, botijões de gás, pneus para bicicletas, sacos de mangas, e por aí vai. Além disso, ainda tinha um trocador que a toda hora gritava “Mais um passinho para trás. Lá atrás está vago”. Vago nada. Espremidos, o tempo todo os passageiros pisavam nos pés dos outros. Apesar de tanto desconforto, ninguém reclamava. Enfim, todos se conheciam, estavam acostumados com aquilo e até riam da situação.

E se a pessoa perdesse o horário do ônibus, ainda tinha a opção do caminhão misto. Aí era que a mistura era grande: dividia-se o espaço com gente, guarda-roupa, cama, geladeira, porcos e cabritos.

Hoje, existem os transportes alternativos, mas ainda é comum ouvirmos os saudosistas afirmarem que “Tempos bons eram aqueles…”

Com relação a estrada de acesso a Tibau, diz Milton Guedes:

“ESTRADAS PARA TIBAU”

De acordo com o que é relatado, antes da emancipação a estrada para Tibau era em via única e calçada com paralelepípedos. Com o fluxo de veículos aumentado significativamente durante a alta temporada, tornava-se perigosa e era raro o ano em que não aconteciam acidentes fatais.

Após a emancipação, foi construída e inaugurada pela então governadora Rosalba Ciarlini, a duplicação da estrada em todo o percurso da RN-013. Com a pavimentação e a estrada duplicada, diminuiu-se muito o índice de acidentes com veículos nas viagens de ida e volta para Tibau”.

E com relação a urbanização, diz: “Antes da emancipação, a única estrada pavimentada que existia em Tibau era a Av. Governador Tarcísio Maia, na entrada da vila. Além disso, as ruas de Tibau não tinham calçamento e o que predominava eram os imensos areais.

Após a emancipação: Aproximadamente, 25% das vias estão asfaltadas, 40% calçadas com pavimentação em paralelepípedos e apenas 35% ainda são de estradas carroçáveis.

Detalhe: É preciso levar em consideração o crescimento urbanístico e demográfico ocorrido em Tibau nestes 27 anos de emancipado, haja vista que a população passou de 2.800 habitantes para mais de 5 mil (estimativa atual do município) “.

Famosa por suas águas mornas e suas dunas de areia coloridas, Tibau passou a atrair turistas não só do Rio Grande do Norte, mas também de Estados vizinhos como o Ceará e a Paraíba.

Mas não é de hoje que a beleza de Tibau desperta a atenção de quem a conhece. Tem sido assim desde a sua origem. Tibau foi descoberta pelo navegador holandês Gideon Morris de Jorge em fevereiro de 1641. Após constatar a existência de salinas do Rio IWIPANIM (hoje, rio Mossoró) e maravilhado com a variedade de areias, observadas através de uma luneta, chamou pela cor que predominava: Morro Vermelho.

Tibau hoje é uma cidade em fase de modernização. Grandes empreendimentos já fazem parte da geografia da cidade, tanto na área residencial, como comercial. Durante o período de veraneio, os eventos musicais e esportivos que ali são produzidos, atraem centenas de pessoas, das cidades próximas, o que contribui muito para a economia local.

No artesanato, Tibau se destaca pelas famosas garrafas de areia, um tipo de artesanato que hoje se produz até no exterior, mas que comprovadamente surgiu em Tibau, em função das suas dunas multicor. A comprovação desse fato encontra-se no livro “Garrafas de Areia de Tibau”, do historiador e folclorista Veríssimo de Melo, publicado em 1962, que na época era Diretor do Departamento de Cultura Popular do Instituto de Antropologia da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte.

Dessa forma encerramos essa série de artigos sobre a Praia de Tibau, escrevendo de frente para o mar, observando um pôr do sol deslumbrante, típico das praias nordestinas.

Geraldo Maia – colunista

feat. Milton Guedes

É Notícia Mossoró

 

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