Antônio Joaquim Rodrigues
Em 9 de setembro de 1894, num dia de domingo, dava-se o falecimento do padre Antônio Joaquim, vigário colado de Mossoró e político influente do Partido Conservador na cidade.
Antônio Joaquim Rodrigues nasceu na então vila do Aracati, no estado do Ceará, em 5 de novembro de 1820, sendo filho do português Antônio Joaquim Rodrigues e da apodiense Vicência Ferreira da Mota. Em 1824 seus pais fixaram residência em Apodi, onde o menino aprendeu as primeiras letras. Seu aprendizado em latim e preparatório foi feito na cidade de Martins, com o professor Francisco Pereira. Ordenou-se pelo Seminário de Olinda, sendo nomeado vigário colado para a nova freguesia de Mossoró, que havia sido criada, tomando posse em 1844.
Como vigário, pastoreou Mossoró por mais de 50 anos, tendo substituído o padre Longino Guilherme de Melo. Foi ele que demoliu a primeira capelinha de Santa Luzia, para em seu lugar construir uma maior e mais sólida. Criou, em 1855, a Irmandade de Santa Luzia. Conseguiu que vários missionários viessem a Mossoró e construiu, em 1873, juntamente com Frei Fidelis, um cemitério na cidade.
Como político, foi membro do Partido Conservador, exercendo o cargo de Deputado Provincial em sete mandatos, no período de 1853 a 1873, como representante de Mossoró. Por mais de uma vez esteve a frente daquela Câmara. Durante esse período, lutou para o engrandecimento do povoado de Santa Luzia do Mossoró. Foi através dos seus esforços que o povoado se emancipou em 15 de março de 1852, tornando-se então vila de Santa Luzia do Mossoró. Foi ele o responsável pela vinda do comerciante suisso Jonh Ulrick Graff, que com seus negócios e suas idéias tornaram Mossoró empório comercial da região. Foi dele ainda o Projeto de Lei que elevou a vila de Santa Luzia do Mossoró ao predicamento de cidade, em 9 de novembro de 1870, passando a se chamar desde então Cidade de Mossoró.
A seu convite vieram a Mossoró os seguintes Presidentes da Província do Rio Grande do Norte: Dr. Pedro Leão Veloso, Dr. Pedro Barros de Mendonça, Dr. José Bento da Cunha Figueiredo Júnior, Dr. Delfino Augusto Cavalcante de Albuquerque e o Dr. Olímpio José Meira.
Fez tanto pela cidade que apesar de pertencer ao Partido Conservador, que era escravocrata, foi abolicionista na brilhante campanha de 1883, quando Mossoró pode declarar-se “livre da mancha negra da escravidão”.
Mas, apesar de todo o seu trabalho em prol do engrandecimento da cidade, seus feitos são desconhecidos pelas novas gerações. A municipalidade emprestou seu nome a principal praça da cidade, em frente à Catedral de Santa Luzia, lugar de grande significado histórico, pois foi o berço do nascimento da cidade. E na lateral da Catedral, sob a sombra protetora de um velho tamarineiro, existe um monumento dedicado ao vigário. Esse monumento consta de busto em pedestal que foi mandado construir pelo industrial mossoroense José Rodrigues de Lima, que para tanto contratou os serviços do artista Osísio Pinto. Numa placa na frente do pedestal está escrito: “Vigário Joaquim de Brito: TU ES SACERDOS IN Æ I ERNUM. Ao Padre Antônio Joaquim, memória de José Rodrigues – 1950.”
A inauguração do busto se deu em 2 de dezembro de 1953 e contou com a presença de autoridades e público em geral, tendo solene bênção do padre Luís da Mota, vigário Diocesano.
Jakob Burckhardt, in “Reflexões Sobre a História do Mundo” diz: “… O que foi outrora alegria e tristeza precisa agora converter-se em conhecimento…”. Podemos dizer, dentro dessa mesma linha de pensamento: O que foi um dia trabalho e dedicação, precisa agora converter-se em reconhecimento…
Geraldo Maia – colunista
“É Notícia Mossoró”