Convento de São Pascoal em Mossoró
Folheando o livro “Os Religiosos no Brasil: Enfoque Histórico / Riolando Azzi, José Oscar Beozzo (organizadores). São Paulo: Paulinas, 1986”, tomo conhecimento de um projeto para a construção de um convento franciscano em Mossoró e uma matriz. Diz o texto que “o motivo principal que levou a Província de Santo Antônio a fundar uma residência franciscana na cidade de Mossoró, foi o pedido do seu primeiro bispo, Dom Jaime Câmara”. E atendendo ao pedido do Bispo, a Direção da Província, a 19 de maio de 1941, se comprometeu com a Diocese a aceitar o encargo da paróquia de Nossa Senhora da Conceição, apesar de não ver grande vantagem em Mossoró. Para tanto, Dom Jaime tinha prometido aos franciscanos a aquisição do terreno e mais uma contribuição monetária no valor de 35 contos de réis, para a construção do convento e matriz. A Direção da Província enviou inicialmente, em 1940, Frei Francisco Solano a fim de sondar o local que havia sido cedido pela Diocese de Mossoró para a construção do convento.
A 28 de julho de 1941 partiram do Recife para Mossoró, os três primeiros franciscanos que iam construir a comunidade inicial. O local em questão era um bairro pobre da periferia da cidade, chamado Alto da Conceição, onde ficava a residência provisória, doada pela diocese, e que lhe serviu de primeiro convento.
A denominação desse bairro merece um parágrafo à parte: Raimundo Soares de Brito em seu livro “Rua e Patronos de Mossoró: Dicionário – Fundação Vingt-un Rosado, 2003”, registra que a região antes se chamava Mariseira dos Macacos e depois Alto dos Macacos. Em 1896 uma comissão composta de Manoel Francisco de Borja, Silvério José de Morais, sob a presidência do professor Manoel Antônio, deliberou que a partir daquela data (03 de dezembro), o local não se chamaria mais Alto dos Macacos, mas sim, Alto da Conceição. E com essa denominação permanece até os dias atuais.
Voltando ao assunto, mesmo com a chegada dos franciscanos, os serviços de construção do convento e da igreja não puderam ser iniciados, uma vez que justamente nesse ínterim houve a transferência de Dom Jaime Câmara para Belém do Pará, devendo se esperar o novo Bispo, a fim de se levarem a cabo os entendimentos com a diocese e, consequentemente, com a Santa Sé. O novo Bispo foi nomeado na pessoa de Dom João Batista Portocarrero Costa, que manteve todo o acordo firmado pelo seu antecessor. Tiveram ainda problemas na aquisição do terreno para construção, mas também esse problema foi resolvido. E finalmente a obra foi começada, tendo sido a primeira pedra do convento lançada em 3 de dezembro de 1944. Um ano e meio depois, ou seja, em fins de maio de 1946, já se transferiria a comunidade para este novo convento.
Quanto à igreja, a pequena capela, que existia ao lado, foi transformada numa grande e espaçosa matriz. A Paróquia de Nossa Senhora da Conceição foi criada em 15 de agosto de 1941.
Com relação aos trabalhos apostólicos, esses se iniciaram logo após a chegada dos franciscanos. Mas, pelo menos nos primeiros anos, não foram de tudo satisfatórios. Faltava, principalmente, pessoal. A solução encontrada pelos religiosos foi à formação de 15 centros catequéticos pelas várias partes da paróquia. E para maior eficiência e constância do ensino religioso, dada a deficiência numérica de sacerdotes, procurou-se formar um grupo de catequistas, ministrando-lhes uma instrução mais sólida e profunda.
Com o tempo foram se formando várias associações religiosas: o Apostolado da Oração, a Pia União das Filhas de Maria e a Cruzada Infantil.
Apesar do árduo trabalho que tinham pela frente, os franciscanos, não obstante o pequeno número de padres (três, e às vezes só dois), tomaram sob seus encargos, por algum tempo, as paróquias de Alto Santo e Frade, na diocese de Limoeiro, no Ceará, e ordinariamente pastorearam a paróquia anexa de São Sebastião, hoje Governador Dix-sept Rosado.
O convento de São Pascoal em Mossoró não figura entre as grandes fundações da Província, sejam quanto as suas dimensões ou ao número de religiosos. No entanto, não obstante suas limitadas possibilidades procuraram seus religiosos escrever uma página de franciscanismo nas terras mossoroenses.
Geraldo Maia – Colunista
“É Notícia Mossoró”