Artigo: Tempo de lembrar
Segundo a sentença bíblica, “Para tudo há uma ocasião certa; há um tempo certo para cada propósito debaixo do céu: Tempo de nascer e tempo de morrer, tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou…” e há também o tempo de lembrar. E hoje, 11 de setembro de 2021, é tempo de lembrar da ação terrorista de 11 de setembro de 2001, com ataques suicidas contra os Estados Unidos, coordenados pela organização fundamentalista islâmica al-Qaeda, quando sequestraram quatro aviões comerciais de passageiros e colidiram intencionalmente com dois dos aviões contra as Torres Gêmeas do complexo empresarial do World Trade Center, na cidade de Nova Iorque, matando todos a bordo e muitas das pessoas que trabalhavam nos edifícios. Com o impacto, as duas torres desmoronaram duas horas após, causando uma enorme destruição, inclusive derrubando edifícios vizinhos e causando vários outros danos. O terceiro avião de passageiros colidiu contra o Pentágono, que é a sede do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, no Condado de Arlington, Virgínia, nos arredores de Washington, D.C. O último dos aviões sequestrados caiu em um campo aberto próximo de Shanksville, na Pensilvânia, depois de alguns de seus passageiros e tripulantes terem tentado retomar o controle da aeronave dos sequestradores, que a tinham reencaminhado na direção da capital norte-americana. Não houve sobreviventes em qualquer um dos voos.
Estima-se que quase três mil pessoas morreram durante os ataques, incluindo os 227 civis e os 19 sequestradores a bordo dos aviões. A notícia chocou o mundo, porque além do desastre em si, havia cidadãos de mais de 70 países incluídos, e a maioria das vítimas eram civis.
Essa ação foi comparada ao ataque à base naval estadunidense de Pearl Harbor, realizado em 7 de dezembro de 1941, que marcou o início do conflito entre Estados Unidos e Japão durante a Segunda Guerra Mundial. O saldo de destruição do ataque para os americanos foi de mais de 2000 mortes e cerca de cinco navios, que afundaram, além de muitos outros que foram danificados. Mas o Japão pagou um preço muito alto pela ousadia, inclusive em vidas humanas. Em agosto de 1945 as cidades de Hiroshima e Nagasaki foram bombardeadas pelos Estados Unidos, durante os estágios finais da Segunda Guerra Mundial, com bombas nucleares. As explosões mataram entre 90 e 166 mil pessoas em Hiroshima e entre 60 e 80 mil em Nagasaki, sendo que cerca de metade das mortes em cada cidade ocorreu no primeiro dia.
Com relação ao atentado terrorista de 11 de setembro, os Estados Unidos responderam aos ataques com o lançamento da Guerra ao Terror: o país invadiu o Afeganistão para derrubar o Taliban, que abrigou os terroristas da al-Qaeda. Também aprovaram o USA PATRIOT Act. (Lei Patriótica), um Decreto que foi assinado pelo Presidente George W. Bush, em 26 de outubro do mesmo ano, permitindo, entre outras medidas, que órgãos de segurança e de inteligência dos EUA interceptassem ligações telefônicas e e-mails de organizações e pessoas supostamente envolvidas com o terrorismo, sem necessidade de qualquer autorização da Justiça, fossem elas estrangeiras ou americanas. Em junho de 2015, várias provisões desta lei expirariam. O congresso então aprovou o USA Freedom Act (Unindo e Fortalecendo a América pelo Cumprimento de Direitos e Garantindo Disciplina Eficaz sobre a Lei de Monitoramento de 2015), para substituir a Lei Patriótica. Apesar de manter algumas provisões da antiga lei, o Freedom Act trouxe diversas mudanças, como de manuseamento de dados e quem pode guardar informações obtidas pela Agência de Segurança Nacional.
Além dessas medidas por parte dos Estados Unidos, muitos outros países também reforçaram a sua legislação antiterrorismo e ampliaram os poderes de aplicação da lei.
Mas a vida segue. Os danos no Pentágono foram reparados em um ano. No mesmo local foi construído o arranha-céu One World Trade Center, com 541 metros. É considerado o prédio mais alto do hemisfério ocidental, segundo seus construtores. Essa altura equivale a 1.776 pés, uma homenagem à independência dos EUA, ocorrida em 1.776. Além disso, inúmeros memoriais foram criados em homenagem às vítimas e às famílias que perderam alguém, como é o caso do “Tribute in Light”, uma instalação de 88 holofotes feita no local onde ficavam as torres do World Trade Center, que projetam no céu duas colunas de luzes verticais que remetem as Torres Gêmeas.
É tempo de lembrar e ainda chorar pelos mortos. Os bens materiais foram refeitos; a economia do país se normalizou. Mas a dor de quem perdeu parentes e amigos, persiste. Como nos ensinou William Shakespeare, “Todo mundo é capaz de dominar uma dor, exceto quem a sente. ”
Geraldo Maia