Colégio Sagrado Coração de Maria
Em 2 de agosto de 1912 dava-se a inauguração do Colégio Sagrado Coração de Maria, com a presença de grande número de populares além de autoridades municipais, das quais podemos destacar o Tenente Coronel Cunha da Mota, que era vice-presidente do Conselho Municipal, em exercício, do padre André de Araújo, diretor do Colégio Diocesano Santa Luzia, do Coronel Bento Praxedes e de Tércio Rosado Maia. A cerimônia foi também embelezada pela apresentação de números musicais executados pela Charanga Mossoroense e pela Irmã Divino Coração, que ao piano, executou lindas “página musicais”, como se falava na época.
A direção do referido estabelecimento de ensino destinado ao sexo feminino foi entregue às Irmãs Franciscanas Hospitaleiras Portuguesas, refugiadas e expatriadas de Portugal pela perseguição religiosa de 1910.
A primeira Diretora do colégio foi a Irmã Maria Leocádia do Menino Jesus, que teve como auxiliares as Irmãs Rosária de São Francisco, Maria do Divino Coração, Maria da Visitação, Helena da Cruz e Maria Ruth da Conceição. Ao chegarem em Mossoró, essas religiosas foram acolhidas carinhosamente pela comunidade e apoiadas pelas autoridades, tendo sido hóspedes dos Senhores Raimundo Fernandes, Miguel Faustino do Monte, Antônio Couto e do Padre Pedro Paulino, vigário da época. Mas já na metade do mês de julho, as Irmãs passaram a morar no prédio onde estava sendo instalado o colégio.
Uma das dificuldades enfrentadas na época foi que o imóvel onde estavam se instalando não pertencia a Congregação e sim a Diocese de Mossoró. Mas sob a proteção carinhosa e paternal de S. Excia. Revma. Dom Jaime de Barros Câmara, que viria a ser o 1º Bispo de Mossoró, o prédio foi cedido para que ali se instalasse o “Colégio Sagrado Coração de Maria”.
Foi difícil o início, pois apenas 57 alunas se matricularam no primeiro ano. Mesmo assim, as atividades transcorreram de forma normal. A solenidade de encerramento do 1º ano letivo foi marcado pela realização de um sarau dramático musical, em conjunto com o Teatro do Colégio Santa Luzia.
Em 1913, com a ajuda da Prefeitura, o prédio foi ampliado, tendo se construído um espaço para dormitório das internas e uma cisterna, o que era de primeira necessidade. Houve melhorias também no ensino, com a introdução de novas disciplinas, como língua estrangeira e noções de contabilidade, além de atividades curriculares que permitiram um encerramento do ano letivo com encenações dramáticas, números de arte e exposições de trabalhos manuais. Ainda nesse ano se estabeleceu, no Colégio, a Pia União das Filhas de Maria, como uma ação missionária das irmãs. O regime escolar para as alunas externas era de semi-internato.
Em seu longo percurso as vicissitudes foram surgindo. Em 1920, já sob a direção da Madre Maria do Rosário de São Francisco, uma acentuada crise financeira abalou a estrutura do Colégio, em consequência de uma considerável baixa de matrículas. Foi um ano de seca e flagelo para o Nordeste brasileiro. Em 1936 foi feita a 1ª reforma da fechada do Colégio, foi inaugurado o Jardim da Infância e construído o seu auditório. Nos anos 40 foi implantado o ciclo ginasial e com isso houve a mudança da denominação de Colégio para Ginásio. Na década de 50 foi implantado o curso pedagógico, com autorização governamental. A década de 60 foi marcada pela acentuada repressão à liberdade de pensamento e de muita efervescência cultural. Na década de 80 o Ginásio Sagrado Coração de Maria, que originalmente era só para meninas, passou a aceitar também meninos, trabalhando com a educação mista, o que favoreceu a um grande aumento de matrícula. E assim, ano a ano, década a década, o Colégio foi se consolidando, tornando-se referência no ensino de Mossoró. É preciso que se diga também, que em sua história, o colégio foi grande celeiro de vocações religiosas, principalmente Franciscanas Hospitaleiras.
Hoje, ao completar 111 anos de sua fundação, prestamos homenagem às Irmãs Franciscanas Hospitaleiras, que aceitaram o desafia de fundar no interior do Rio Grande do Norte um colégio com orientação religiosa cristã, e que tiveram uma presença tão marcante que ainda hoje o educandário é conhecido como “Colégio das Freiras”.
Geraldo Maia – colunista