Cultura

Padre Jorge O’Grady e o Colégio Diocesano Santa Luzia

Uma pequena nota publicada numa coluna de jornal dá conhecimento da morte do padre Jorge O’Grady  de Paiva, ocorrida no dia 24 de janeiro de 2001, na cidade do Rio de Janeiro, onde o mesmo morava. A nota diz também que o padre O’Grady era membro da Academia Norte-rio-grandense de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte.  Era teólogo e filósofo, além de profundo estudioso de Ciências; e nada mais.

Jorge O’Grady de  Paiva era natural de Ceará-Mirim/RN, onde nasceu a 26 de maio de 1909.  Sacerdote, educador e cientista de conceito internacional, com uma longa folha de serviço prestado a educação de Mossoró pela eficiência e sábia orientação que conseguiu impor como dirigente do Colégio Diocesano Santa Luzia, cargo esse assumido em 1935, em substituição ao Cônego Amâncio Ramalho que tinha sido indicado como Diretor do Departamento de Educação do Estado do Rio Grande do Norte.

No dia 02 de março de 1936 o Colégio Diocesano Santa Luzia iniciava o ano letivo tendo a frente o padre Jorge O’Grady como Diretor. Nesse mesmo ano, a 26 de abril, Dom Jaime de Barros Câmara tomava posse do Bispado de Mossoró, criado em 1934. E assim o Santa Luzia, no dizer do Cônego Sales, “vive uma fase das mais brilhantes, na seqüência de medidas que resultaram na construção do novo e grandioso Conjunto do Colégio da Padroeira”.  E o padre O’Grady era um batalhador incansável, “dando ao Ginásio esforço e zelo abnegados, projetando-lhe a presença direta em outros centros do Estado, como Caraúbas, Caicó e Areia Branca, através de excursões pedagógicas. ” Foi através dos seus esforços que o colégio adquiriu o aparelhamento necessário para o ensino de educação física.

A atuação do padre Jorge O’Grady como Diretor do Colégio Diocesano deu-se de 1936 ao fim de 1944.  Nesse período pode contar com a ajuda de excelentes professores, entre os quais destacaram-se o Dr. Abel Freire Coelho, substituto imediato na direção, cargo esse que vinha exercendo desde 1927 e continuou até o fins de 1943; Padre Raimundo Gurgel do Amaral, sacerdote diocesano; Padre Raimundo Leão de Moura e outros.

Em fins de 1944 Mossoró privava-se da eficiente colaboração do Padre O’Grady que se mudara para Natal, onde recebeu de Dom Marcolino Dantas, Bispo Diocesano, o título de “Cônego Honorário” como prêmio dos seus valiosos trabalhos a bem da instrução e da Diocese de Mossoró.

Numa carta endereçada ao escritor Raimundo Nonato, datada de 25 de maio de 1981, onde agradecia ao mesmo pelo envio do livro “Dix-Sept Rosado, Coletânea de Retratos Falados”, carta essa cuja cópia me foi fornecida pelo pesquisador Raimundo Soares de Brito,  Padre O’Grady confessava sobre a leitura: “ Revivi os 8 anos que passei à frente do S. Luzia, de 36 a 43, tendo dado ênfase à formação física, atlética, esportiva e cívica dos alunos, sem me descuidar da formação intelectual (corpo docente), social(excursões) e moral-religiosa( capela e congregação mariana).

As festas de fim de ano, comemorando as formaturas, eram caprichadas e, bem assim, as da Semana da Pátria, com conferências, desfiles, sessões solenes. Delas, como lembra V., tomou parte Câmara Cascudo, convidado especial. Bons tempos que não voltam mais: Mas são inesquecíveis…”.

O Padre O’Grady passou seus últimos anos residindo no Rio de Janeiro. Escritor e autor de vários livros, dentre os quais destacamos: “Verdade e Vida”, “Na Seara das Letras, da Fé e da Ciência”, “Dicionário de Astronomia e Astronáutica” (2ª edição), “Prédicas e Mini prédicas” e “Nos Domínios das Letras e da Ciência”.  Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte e da Academia Norte-rio-grandense de Letras, onde ocupava a cadeira que já havia sido ocupada pelos Cônegos Leão Fernandes, Luiz Monte, além de Dom Adelino Dantas.

O Padre Jorge O’Grady de Paiva, cujo retrato figura na Galeria de ex-Diretores do Colégio Diocesano Santa Luzia de Mossoró, através de sua obra, tornou-se imortal da literatura potiguar; através de suas ações como pessoa, como sacerdote e como educador, tornou-se inesquecível nos corações de tantos quantos tiveram o prazer de desfrutar da sua amizade.

Geraldo Maia – colunista

É Notícia Mossoró

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