Cultura

Herma do Dr. Almeida Castro

Na Praça Rafael Fernandes, no centro de Mossoró, ou Praça dos Correios como é mais conhecida, fica uma Herma dedicada ao Dr. Almeida Castro. Na frente do monumento, uma placa de bronze com letras em alto relevo informa: “Busto do Dr. Francisco Pinheiro de Almeida Castro, inaugurada em 22 de fevereiro de 1931, por iniciativa de seus amigos e com a participação popular. Sob os auspícios do Instituto Cultural do Oeste Potiguar fez-se a colocação desta lápide em 28 de agosto de 1958. ”

Na parte posterior do monumento, ler-se em outra placa de bronze: “ Ao humanitário médico e devotado homem público, filho do Ceará e grande benfeitor desta terra, a homenagem do Governo do Município e do povo mossoroense. No primeiro centenário do seu nascimento – 28/08/1858 – 28/08/1958”.

Quando da inauguração da Herma, em 22 de fevereiro de 1931, o povo de Mossoró se fez presente, juntamente com autoridades e banda de música. O orador oficial da solenidade foi Manoel Amâncio Leite, que na época era Prefeito da Cidade.  Seguiu com a palavra o médico mossoroense Raul Fernandes que destacou as qualidades daquele ilustre clínico e Chefe Político de Mossoró.

Francisco Pinheiro de Almeida Castro era cearense de Maranguape, onde nasceu a 28 de agosto de 1858. Chegou a Mossoró no ano de 1881 e de Mossoró nunca mais saiu. Era o que podemos chamar de um homem múltiplo: Médico humanitário, formado pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro na turma de 1880, cidadão boníssimo, Chefe político de incontestável prestígio em Mossoró e zona Oeste do Rio Grande do Norte e Venerável da Loja Maçônica “24 de Junho” de 1895 a 1900. Foi jornalista e como tal um dos mais assíduos colaboradores do jornalista João da Escóssia na publicação de “O Mossoroense”, jornal esse do qual foi diretor de 1920 a 1922. Era Sócio correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte. Fez parte da Constituinte de 10 de maio de 1891. Foi Presidente da Câmara Municipal de Mossoró no triênio 1890-1892. Foi representante do Rio Grande do Norte na Câmara Federal, em cujo mandato de deputado veio a falecer em 22 de julho de 1922, aos 64 anos de idade.

Sobre o Dr. Almeida Castro, Câmara Cascudo depõe: “ Havia também o Dr. Castro, valendo uma permanência fenificiente e polimática, médico, orador, amigo forte, cirurgião que a necessidade improvisava, devoto dos magistrais, formulando sempre, mesmo quando seus futuros colegas haviam rendido às seduções cômodas dos remédios de frasco. Corria a fama curativa de suas receitas. Era forte, possante, simpático, impecavelmente vestido, amando a dança, o discurso, o Cognac”.

Foi o Dr. Castro quem trouxe o farmacêutico Jerônimo Ribeiro Rosado de Catolé do Rocha para instalar sua farmácia em Mossoró em 1890.  Foi também em 1890 que assumiu a presidente do Conselho de Intendência Municipal de Mossoró, cargo que eqüivale atualmente ao de Prefeito, em substituição a Manuel Benício que havia renunciado ao cargo em outubro do mesmo ano.  Governou Mossoró por dois anos; e como informa Câmara Cascudo, os anos de 1890 e 1891 “são época de aforamento de salinas, discussão, renúncia dos processos de comisso, posses”.  Foi por esse motivo que durante o período administrativo de Almeida Castro que ocorreu o maior número de requerimentos dessas terras, conforme consta dos livros de Atas da Intendência. Foi também na sua administração que ocorreu a elaboração do primeiro orçamento da Intendência de Mossoró, no regime republicano, segundo informação do historiador Raimundo Soares de Brito.

Vemos também o Dr. Almeida Castro como abolicionista no movimento de 30 de setembro de 1883, que culminou com a libertação dos escravos em solos mossoroense.

Quando do transcurso do seu centenário, foi organizado em um vasto programa com conferências e outras atividades em homenagem a sua à sua memória. Na conferência que pronunciou naquela oportunidade, o professor Tércio Rosado disse:

“- Se procurarmos ver a função que indivíduos privilegiados desempenham em relação ao meio em que vivem, encontraríamos para o Dr. Francisco Pinheiro de Almeida Castro uma classificação particular, a de um guia suave e benfazejo, um inspirador discreto, mas eficiente”.

O Dr. Francisco Pinheiro de Almeida Castro faleceu a 22 de junho de 1922.  O monumento que foi erguido em sua homenagem permanece altivo; majestoso como um guardião romano, como se quisesse nos lembrar as palavras de Goethe” “O que passou, passou. Mas o que passou luzindo, resplandecerá para sempre!”

Geraldo Maia –  colunista

É Notícia Mossoró

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