Cultura

Herma de Jerônimo Rosado

O estatuário da cidade funciona como livros abertos, contadores de histórias. Um busto ou estátua que é chantado numa praça, não está ali apenas como peça decorativa. Está ali para homenagear uma personagem (Jerônimo Rosado) que na maioria dos casos teve influência sobre a cidade.

Mossoró é uma cidade pobre em monumentos.  São poucos os que existem e na maioria dos casos o seu significado é desconhecido de grande parte da população. Bom seria se cada estudante de Mossoró conhecesse a história que há por trás dos seus monumentos, pois assim passaria a conhecer verdadeiramente sua cidade, suas lutas e seus benfeitores. E em conhecendo sua história e suas lutas, certamente iria orgulhar-se da cidade em que nasceu. Mossoró é uma cidade muito rica em história.

Caminhando pelo centro da cidade, nos deparamos com a Herma de Jerônimo Rosado.  O referido monumento é composto de um busto em bronze sobre um plinto de granito e está localizado ao lado esquerdo da Capela do Coração de Jesus.

Jerônimo Rosado nasceu em Pombal, na Paraíba, a 8 de dezembro de 1861, sendo filho legítimo do português Jerônimo Ribeiro Rosado e da paraibana Vicência Maria da Conceição. Órfão de pai aos 10 anos de idade, foi morar em Catolé do Rocha, também na Paraíba. Fez o curso de Humanidades na capital do Estado, ingressando em 1886 na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, onde se diplomou em Farmácia dois anos depois.

Em 1889 voltou para Catolé do Rocha onde instalou uma  farmácia. Em 1890 veio para Mossoró a convite do Médico Francisco Pinheiro de Almeida Castro, estabelecendo-se com uma Farmácia e Drogaria na Rua do Graff.  E nos quarenta anos que se seguiram, pouco ou nada se fez em Mossoró que não tivesse a participação de “Seu Rosado”.  Batalhou pela nossa Estrada de Ferro, por entender que era o caminho que levaria Mossoró ao desenvolvimento. Lutou como ninguém pela causa da água de Mossoró, através de construção de açudes, construção de barragens submersas no rio Mossoró, perfuração de poços, etc. É conhecida uma passagem de sua vida, quando indagado por um amigo sobre a construção de um determinado açude que sonhava construir, teria respondido: “ Vou construí-lo. E se não conseguir, um filho meu o fará”. Esse depoimento foi testemunhado por seu filho, Dix-sept Rosado, na época com seis anos de idade, que posteriormente como Prefeito de Mossoró e como Governador do Estado do Rio Grande do Norte, continuou a batalha, sucedendo ao seu pai na luta pela água de Mossoró.

Iniciou sua vida política em 1908 quando foi eleito para a Intendência, uma espécie de Câmara Municipal da época. No Governo do Dr. Alberto Maranhão foi nomeado 2º Juiz Distrital para o triênio 1911/1913.  Ocupou a Presidência da Intendência no período de 1917/1919, cargo que corresponderia hoje ao de Prefeito. Foi eleito mais uma vez Intendente para o período de 1920/1922. Vários dos seus filhos foram contagiados pela política, sendo que três deles tiveram maior projeção: Dix-sept chegou a Governador do Estado, morrendo em um desastre de avião em 1951, quando viajava para o Rio de Janeiro em busca de um empréstimo de 30 milhões de Cruzeiros, que serviriam para reforçar os serviços de água em Natal, que na época era muito precário, como também abastecer as cidades de Caicó e Mossoró;  Dix-huit   foi Senador e prefeito de Mossoró por três vezes e Vingt Rosado foi Deputado federal por seis mandatos.  Seu Rosado foi também professor.  Lecionou Física e Química no Colégio Sete de Setembro, colégio que por seu intermédio veio a se instalar em Mossoró. Exerceu o cargo de Coletor Federal, a partir de 1922 até o seu falecimento em 25 de novembro de 1930.  Pertencia à Loja Maçônica “24 de junho”, que reunia os pedreiros livres de Mossoró. Em 1904 fundou em Catolé do Rocha a 2ª Loja Maçônica da Paraíba (a primeira fora em Cabedelo). Como farmacêutico, foi autor de várias especialidades. Foi pioneiro na extração de gipsita no município de São Sebastião, hoje Município de Dix-set Rosado, onde se tornou proprietário de grandes jazidas.

Por tudo isso é que Mossoró reverencia a memória de Jerônimo Rosado,  patriarca de uma das mais influentes famílias locais.

Geraldo Maia – colunista

É Notícia Mossoró

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