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Cabo Pereira

Há pessoas que entram para a história de uma cidade pela bravura demonstrada em momentos difíceis; são os heróis da cidade. Outras entra para a história pelo trabalho que desempenharam em prol da cidade; esses são os benfeitores. Outros ainda entram para a história pela dedicação demonstrada nos serviços que executam, destacando-se dos demais, tornando-se, por assim dizer, lembrado pelas gerações futuras. Esse foi o caso do cabo Pereira, um cidadão comum, que abraçando a carreira militar fez dela sua vida. E por sua luta tornou-se parte de nossa história.

Antônio Pereira da Silva, o Cabo Pereira, nasceu no dia 20 de janeiro de 1919, na cidade de Jucurutu, no Rio Grande do Norte. Em 1944, com a entrada do Brasil na 2ª Guerra Mundial, apresentou-se como voluntário no 16º Regimento de Infantaria, que tinha sede em Natal, sendo incorporado com o nome de guerra de “Pereira”. Tempos difíceis aqueles. Embora não tendo embarcado para os campos de batalha, vivia em constante treinamento esperando o chamamento da pátria. Eram dias e mais dias de prontidões dentro dos quartéis, sem poder sair para nada. O soldado Pereira não se importava com o sacrifício de suas horas de lazer, esforçando-se o máximo para cumprir suas obrigações administrativas. Com esforço e dedicação, conseguiu fazer um curso interno de corneteiro, onde pode mostrar sua versatilidade, aprendendo com esmero todos os toques regulamentares do exército. Mas, com o fim da guerra, o exército brasileiro passa a dispensar o efetivo incorporado no esforço de guerra. E o soldado Pereira “deu baixa” no dia 22 de março de 1952, oito anos após sua entrada no serviço militar.

Saindo de Natal foi morar na cidade de Augusto Severo/RN, mudando-se, logo depois, para Mossoró onde passou a trabalhar como mecânico operador na Estrada de Ferro. Foi por essa época que conheceu o sargento Hemetério, Chefe do Tiro de Guerra, com quem fez amizade. E através dessa amizade, passou a morar nos fundos do TG que ficava no local onde hoje existe o prédio do “Medical Center”, na rua Juvenal Lamartine. Como voluntário, assumiu o treinamento da Banda de Música do Tiro de Guerra, juntando com isso suas duas paixões: a farda verde-oliva e a música.

Como ao dar baixa do exército ficou apto a ser promovido a graduação de cabo, ficou sendo assim conhecido. Era para todos o Cabo Pereira do Tiro de Guerra, instituição a qual dedicou 38 anos de sua vida. Em todas as solenidades daquela instituição, estava o Cabo Pereira sempre a frete da Banda, ostentando com galhardia a farda verde-oliva. Sua dedicação foi além dos portões do Tiro de Guerra. Treinou também a Banda de Música do Colégio Sagrado Coração de Maria, do Colégio Dom Bosco, do Colégio Diocesano Santa Luzia e do Centro Educacional “Jerônimo Rosado”.

Na solenidade em 7 de novembro de 2003, quando o Tiro de Guerra de Mossoró comemorava 94 anos de fundação, o Sub Tenente Rinaldo Schultz, Chefe de instrução do TG, fez uma homenagem ao Cabo Pereira, tendo assim descrito sua morte:

“No dia 25 de fevereiro de 1990, ouviu-se então o “Toque de Silêncio”. Calava-se o clarim que alegrara as formaturas do Tiro de Guerra com sua música imponente. Silenciava um guerreiro, deixando vasta lacuna na história deste Tiro de Guerra. Partiu para o acampamento celestial, levando consigo notas e acordes musicais. “

Foi uma bela homenagem prestada pelo Tiro de Guerra de Mossoró ao Sr. Antônio Pereira da Silva, ou Cabo Pereira como ficou conhecido. Um entre tantos trabalhadores dedicados dessa cidade, que ao morrer deixa seu nome na história. Passou a integrar a galeria dos benfeitores do TG 07-10, ao lado de tantos outros que como ele dedicaram a vida aquela instituição.

Geraldo Maia – Colunista

“É Notícia Mossoró”

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