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As Senadoras de Mossoró

Era um grupo de mulheres envolvidas com as disputas políticas que aconteciam em Mossoró, cuja única condição para serem aceitas no grupo era apoiar Aluízio Alves, depositando no “Cigano Feiticeiro” as suas ideologias. Essas mulheres marcaram presença na política do Rio Grande do Norte nos anos sessenta e se transformaram no símbolo de uma época.

O grupo era formado por quinze mulheres: Edite Souto, Rose Cantídio, Marieta Lima, Dita Mota, Jurema Lamartine, Maria Ester Fernandes, Maria Linhares, Alba Mota, Edna Medeiros, Marlene Otto, Ivone Carlos, Maria Carlos do Amaral, Neide Paula, Wanda Gondim e Ozelita Cascudo. ”Essas mulheres, apesar de constituírem um grupo caracterizado pela pluralidade, possuíam extraordinária afinidade de propósito e desenvolveram particular capacidade de luta e resistência”, segundo Giselda Lopes em seu livro “Mulheres de Mossoró – As Senadoras – Uma saga política, Projecto Editorial Ltda. – 2002.

Nos anos sessenta, Aluízio Alves se transformara num ídolo de uma época, com discurso e comícios meticulosamente planejados, cativando os eleitores e atraindo mais e mais correligionários. As eleições haviam se transformado em verdadeiras festas que se perpetuavam noite adentro na Praça do Codó. As caravanas de mulheres vestidas de ciganas compunham os cenários alegres e descontraídos em busca dos votos dos cidadãos mossoroenses. O “Cigano Feiticeiro” conquistava as pessoas e agitava a política local. Em Mossoró algumas mulheres começaram a participar ativamente do debate político e nas concentrações populares. Na residência de D. Ozelita Cascudo, uma tradicional e respeitada professora da cidade, começaram a acontecer reuniões femininas. Não tinha nenhum planejamento ou objetivo definido, apenas discutir os fenômenos correntes, trocando conhecimentos e buscando compreender e encontrar os melhores caminhos políticos para a comunidade.

O candidato adversário de Aluízio Alves era o deputado federal Djalma Marinho e o seu vice era o também deputado federal Vingt Rosado. Djalma Marinho era um jurista conceituado e era considerado um homem da camada mais elitista da população e não conseguia estabelecer comunicação fácil com as massas populares.
Aluízio foi eleito Governador do Estado e fez uma administração voltada para o povo. Continuou, no exercício do cargo de governador, como se a campanha não tivesse encerrado. Os eventos políticos, inauguração de obras, construções de casas populares, etc., tinham configurações mágicas. Essa sua capacidade de governar fez dele um homem apto a eleger o seu sucessor, em 1965, Monsenhor Walfredo Gurgel e Clovis Mota. Eles venceram a eleição enfrentando Dinarte Mariz e Tarcísio Maia, conseguindo uma grande vitória em Mossoró, cidade da mais forte oposição ao governo de Aluízio.

Foi em uma dessas ocasiões que um grupo de mulheres saiu às ruas conduzindo bandeiras e lenços verdes. Eram aquelas que se reuniam na casa de D. Ozelita Cascudo e que já haviam se transformado, de fato, em um grupo de mulheres aluizistas.

Junto às bandeiras verdes, uma dessas mulheres, Jurema Lamartine, havia colocado uma faixa de sua autoria com os dizeres: “As senadoras saúdam os governadores Aluízio Alves e Monsenhor Walfredo Gurgel”. Com este gesto foi iniciado um caminho de lutas, e dessa forma nasciam as “Senadoras de Mossoró”.

“O movimento das “senadoras” ficou marcado na história política do Rio Grande do Norte pela espontaneidade, pelo feminismo, pela dedicação e amor a política, sem que nenhuma participante disputasse qualquer cargo público”, como afirmou o advogado Manoel Mário de Oliveira.

No entanto, em 2001 quando esteve em Mossoró para fazer o lançamento do que seria o seu último livro intitulado “O que eu não esqueci”, percebeu-se que Aluízio havia esquecer de mencionar o movimento das “senadoras” de Mossoró, que tanto fizeram por sua vida política. E isso Mossoró não esqueceu.

Geraldo Maia – Colunista

“É Notícia Mossoró”

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