Cultura

Velhos casarões de Mossoró

Os velhos casarões, que ao longo dos anos vêm desafiando a ação do tempo e do homem, guardam em suas estruturas histórias de um passado grandioso, onde homens bem sucedidos no comércio ou na indústria, promoviam bailes e banquetes luxuosos para a sociedade mossoroense. O palacete do industrial Antônio Florêncio de Almeida é um exemplo disso.

Quem olha para o prédio onde hoje funciona a Secretaria de Finanças do Município, não imagina que em outros tempos seus salões serviram para abrigar por várias vezes a sociedade mossoroense em suntuosos bailes e luxuosos banquetes.

Construída em 1930 para servir de residência ao seu proprietário, o industrial Antônio Florêncio de Almeida, teve como construtor o exímio mestre de obras Joãozinho de Zuza que, a exemplo de Francisco Paulino, João Dias e outros da mesma estirpe, tanto contribuíram para o embelezamento da cidade, à época em que viveram.

O prédio tem uma particularidade: foi o primeiro a ser construído em Mossoró utilizando-se em suas estruturas vigas de cimento armado. É, a bem dizer, um marco no setor de construção civil da cidade de Mossoró.

Além da Secretaria de Finanças, o prédio já foi sede da Prefeitura Municipal, durante as gestões dos prefeitos Antônio Rodrigues e Raimundo Soares de Souza, além de ter sido também sede da Câmara Municipal.

Outro prédio de grande importância para a história de Mossoró é onde funciona hoje a Prefeitura Municipal, o conhecido Palácio da Resistência. Era a casa do Prefeito Rodolfo Fernandes e foi, durante o ataque de Lampião a Mossoró em 13 junho de 1927, a principal trincheira da resistência, daí o título. A trincheira ali improvisada, sob o comando do prefeito Rodolfo Fernandes, “foi à fortaleza inexpugnável que maior resistência ofereceu ao grupo de invasores”, segundo Raimundo Soares de Brito. Lá foi instalado o QG da grande batalha.

A mansão do Coronel Rodolfo Fernandes foi construída no início da década de 20 para servir de residência ao seu proprietário. Ali também morou Duarte Filho, médico, político e figura de destaque que morreu como Senador da República. Nesse período, o velho casarão hospedou figuras ilustres e foi palco de reuniões políticas em campanhas memoráveis.

Buscamos informação sobre este casarão na obra de Raul Fernandes, filho de Rodolfo Fernandes, que dele fala em seu livro “A Marcha de Lampião – Assalto a Mossoró”. Descreve Raul: -“ Mansão sem estilo definido, de oitões livres e altas colunas nas varandas, aparecia imponente, senhorial. Tinha cinco amplos quartos, sala de estar, de visita e de jantar, afora as demais dependências. Encravada no quarteirão, limitava-se à direita, com a moradia da esquina, na praça da Igreja de São Vicente de Paula e, a esquerda, com um bloco de habitações conjugadas. O enorme quintal era dividido ao meio. Na frente, situava-se o prédio e atrás o curral do gado leiteiro e a garagem. Defronte da garagem, passava a linha férrea”.

Por ter servido de cenário para o episódio do ataque de Lampião à Mossoró, sendo ali montada a principal trincheira contra os invasores, é que Dix-huit Rosado Maia, quando prefeito, para ali transferiu a sede do Executivo Municipal com o nome de Palácio da Resistência.

Geraldo Maia – Colunista

É Notícia Mossoró

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