Entrevista da Semana: Severo Ricardo
Severo Ricardo é um músico formado pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), nascido em Olho D’agua do Borges-RN, carregando no peito suas raízes por onde vai, com uma trajetória artística de muito talento, muita voz e muita história para contar. Por conta disso, Severo Ricardo é o nosso entrevistado da semana aqui no “É Notícia Mossoró”.
Confira a entrevista na íntegra:
ENM – Para iniciarmos, como você descreveria o Severo Ricardo?
Sou um artista que busco através das minhas músicas um pouco de verdade, da sua essência enquanto nordestino, enquanto pessoa de periferia. Em relação a pessoa jurídica, “Forró do Severo”, é uma empresa que tem como carro chefe o forró, e que busca através da música engrandecer mais ainda esse cenário, tanto regional como nacional e até mundial.
ENM – Além de cantar, o que gosta de fazer?
Gosto de compor, sempre estou compondo. Gosto de dar aula também, e dou aula de sanfona, pois é uma coisa que gosto muito de fazer. Portanto, quando não estou cantando, estou fazendo uma dessas coisas.
ENM – Como aconteceu o seu primeiro contato com a música, e quando decidiu que era isso que você queria?
Meu primeiro contato com a música aconteceu na igreja, eu tive a oportunidade de cantar como executante, porque o primeiro contato mesmo sempre acontece em casa, com os pais, música em família, musica mesmo de ninar, que a mãe sempre canta. E meu pai também teve grande influencia, já que teve sempre um bom gosto musical, e sempre estava escutando no carro músicas de Alceu Valença, de Zé Ramalho, esse pessoal do Nordeste. E mais tarde, eu pude participar na Igreja de grupos, como o Flauta Mágica, que com certeza me engradeceu bastante.
ENM – O que a música representa pra você?
Ela representa desde o ganha pão até uma forma de terapia também, porque querendo ou não, a gente acaba desfrutando desse modo terapêutico da música, principalmente quando a gente está tocando, fazendo o nosso papel social, e até para uma forma de expressar, já que a arte tem esse poder.
ENM – Quais as suas principais inspirações e referencias musicais?
Geralmente as pessoas perguntam só uma, e não teria de fato como descrever apenas uma referencia, são várias, desde os músicos da minha cidade, em que tive a oportunidade de conhecer, e também alguns de nível nacional, ate alguns que eu não cheguei a pegar vivo como Luiz Gonzaga e Dominguinhos. A arte tem esse viés, de possibilitar essa revisitação, mesmo com o artista já falecido, você tem a possibilidade de visitar a obra dele, de fazer as suas referencias musicais.
ENM – Como estava lidando com as paralisações de shows por causa da pandemia?
As paralisações elas foram bem cruéis. A gente só vive disso, trabalhando a noite, e foi quase um ano parado, mas a gente sempre se reinventa como empreendedor. Eu fiz alguns projetos na pandemia, inclusive foi matéria em jornal de TV, o chamado “Forró Delivery”, onde eu tocava em algumas ocasiões, com sanfona e voz, fazendo pequenas apresentações, seguindo os protocolos de distanciamento. Me chamavam para apresentações reduzidas, em condomínio por exemplo, e acabava dando certo. Vale lembrar também que nesse período, surgiram alguns editais de incentivo, que a gente pôde participar, e isso nos auxiliou bastante. No edital da lei Aldir Blanc, eu conseguir recursos para realizar um clipe, fazer Ep’s, entre outras coisas. A pandemia veio também para a gente repensar de outras formas, será que a gente só pode trabalhar com público ou plateia? será que a gente não pode reinventar uma forma digital de plateia? As crises como um todo, elas servem para esse modo de reflexão sobre a nossa forma de resistência.
ENM – O que suas composições significam para você? e qual que mais te marcou?
As composições hoje, elas são mais ou menos a minha forma de trabalho. Antigamente eu tinha como forma de inspiração, só fazia mesmo quando vinha, mas hoje eu tenho que fazer, já que trabalho sobre demanda, com jingles, trilhas sonoras, formação de repertórios de artistas, e recentemente eu estou indo a Goiânia para isso, para fazer uma seleção com artistas de lá, seja de sertanejo ou do mercado em geral. Hoje o mercado funciona basicamente em Goiânia, com artistas sertanejos e em Fortaleza com artistas de forró eletrônico. Então a gente precisa está se reinventando sempre e contribuindo para essa “nova MPB”, esses artistas que estão despontando hoje nos top 100 dos streaming, que são basicamente sertanejo, forró, funk, e o trap music que está despontando bastante. E as composições pra mim significa uma forma de expressão também, sem contato mercadológico, mas uma forma de expressão, de mostrar a sua identidade, e isso está bem recente no ultimo trabalho que fiz, que é o EP “Jureme-se”, que leva o nome também de uma das músicas que eu mais gosto, e umas das primeiras que eu fiz, que é “Jurema”, inclusive vamos lançar um clipe, e vocês vão ver todo o carinho que eu tenho pela música, e ela é basicamente uma forma da gente se fortalecer. A Jurema é uma planta do sertão que ela se fortalece principalmente durante a seca. Então “Jureme-se” é um convite a todos, que a gente pode se proteger de tudo que nos afligem.
ENM – Qual a sua relação com fãs e admiradores do seu trabalho?
A relação com os fãs é sempre de carinho. São os nossos maiores incentivadores, então devemos tratar com carinho, todos independe de ser um dia que não estamos bem. Eu sempre estou fazendo alguns trabalhos com o foco principal nos fãs, que são aqueles que admiram o nosso trabalho.
ENM – Quais os próximos passos da carreira?
Os próximos passos da carreira a gente nunca sabe, mas a gente tem uma ideia de planejamento que é expandir. O trabalho do “Forró do Severo” é mais conhecido na região de Mossoró, tenho ido também para Natal e Fortaleza, mas a intenção é procurar investidores e fazer um trabalho mais consistente de mídia. Hoje para se lançar, a gente precisa ter todo um planejamento, e acredito que ficar só em Mossoró não vai ser o grande “boom” da carreira, a gente tem que buscar novos fãs, outros investidores em outras cidades, até por conta de um crescimento mais regional e também de nível nacional, e esse é um dos nossos objetivos.
ENM – Qual mensagem final você gostaria de deixar para todos os leitores do portal “É Noticia Mossoró”, que acompanharam essa entrevista? Fique à vontade.
O recado que deixo ao “É Notícia Mossoró”, e a todos os leitores aqui, que acompanhem, não só eu, mas os artistas locais, porque se a gente ficar valorizando só quem é de fora, a gente perde um pouco da nossa identidade, então se você conhece algum artista que está começando, apoie ele, vá no show, veja se ele tem um trabalho autoral, cobre ele para lançar, e se possível, ajude financeiramente, porque é um trabalho que tem muita dificuldade, um trabalho bem bonito assim, mas que no seu início principalmente, ele exige um pouco mais de todos. Estão todos que se sentem cativados, são responsáveis por esse crescimento de cada artista, não só pra mim, mas para quem que está começando, e não só para música também, mas para a arte em geral, para todos aqueles que compõem a cena artística em Mossoró. Muito Obrigado.